segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Minha Desgraça (Álvares de Azevedo)

Minha desgraça
Não é ser um poeta
Nem na terra de amor
Não ter um eco
E meu anjo de Deus
o meu planeta
tratar-me como um boneco

Minha desgraça!

Nem é andar
De cotovelos rotos
Ter duro como pedra
O travesseiro
Eu sei, o mundo
É um lodaçal perdido
Cujo o sol (quem me dera)
É o dinheiro

Minha desgraça!

Minha desgraça
Oh, cândida donzela
O que faz o meu peito
Assim blasfema
É ter que escrever
Todo um poema
E não ter um vintém
Para uma vela

Minha desgraça!


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